Há dez anos, exatamente no dia 19 de junho de 2008, entrava em vigor a Lei 11.705, que ficou popularmente conhecida como Lei Seca, por reduzir a tolerância com motoristas que assumem a direção embriagados. Desde então, o Brasil entrou no rol dos países com legislação mais severa sobre o tema, mas, dez anos depois, ainda falta muito a serconquistado.
Mesmo que o número de autuações tenha caído desde 2008, muitos motoristas ainda não mudaram de atitude. Segundo um levantamento, que tem como base a Lei de Acesso à Informação, foram mais 1,7 milhão de autuações com crescimento contínuo desde 2008. Inclusive, o avanço nos últimos cinco anos ficou acima do aumento da frota de veículos e habilitados, o que aponta para o crescimento do número de motoristas flagrados alcoolizados, em vez de diminuir com o endurecimento das punições.
E Minas Gerais é o estado que lidera o ranking de autuações, registrando 255 mil infrações. O número representa 14,8% do total no país inteiro. Vale a menção de que o estado possui 16% da malha rodoviária de todo o país, 11% da frota e 10,2% das CNHs válidas.
O álcool é a segunda maior causa de mortes no trânsito no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet); a primeira é a velocidade acima do permitido. Ambos são facilmente evitados: não correr e não beber. O risco de um acidente fatal é multiplicado por cinco quando o motorista dirige a uma velocidade 50% superior à permitida ou com 0,5 g/L de álcool no sangue (equivalente a duas taças de vinho, em média).
Importa destacar que a segunda fase da Lei Seca, a partir de 2012, foi quase três vezes mais eficaz do que a primeira, que era mais tolerante, com punições menos severas. Especialistas apontam, no entanto, que somente mais fiscalização poderá reverter o cenário de mortes, uma vez que muitos motoristas temem mais as blitze do que o risco de provocar algum acidente.