Em comemoração ao primeiro ano de fundação da ASCAFRU (Associação dos Catadores de Recicláveis do Município de Frutal) a secretaria de Meio Ambiente (SEMMA) está promovendo nessa semana uma série de atividades voltadas para a interação da comunidade com a instituição e seus associados.
Na segunda-feira, um pedágio marcou o início das celebrações. Integrantes da SEMMA e da ASCAFRU distribuíram panfletos com orientações sobre quais materiais podem ser destinados para reciclagem. A mobilização ocorreu no período da manhã nos cruzamentos da rua Bias Fortes com a Avenida Benjamim Constant, das Avenidas Euvaldo Lodi com a Brasília e no semáforo da Brasília com a rua Nova Ponte.
Na manhã de quarta-feira (22) um café-da-manhã com bate-papo contou com a presença de autoridades frutalenses, de alunos do Estadual (E. E. Maestro Josino de Oliveira) e da comunidade. Em seguida teve uma palestra com a presidente da Cooperativa dos Agentes Ambientais de Prata (MG), Carmem Rosa, que falou sobre "O Desafio e a importância das cooperativas e associações de agentes ambientais".
Presente no evento, a prefeita Maria Cecília Marchi Borges (Ciça) falou com os presentes e destacou os avanços que a fundação das associação tem proporcionado às questões ambientais e com importantes impactos sociais para quem vive da coleta e venda do material reciclável. “O que pra nós era um sonho, com o empenho de toda a equipe da secretaria de Meio Ambiente, liderada pela secretária Mônica, conseguimos tornar a associação uma realidade”, expôs a prefeita.
Para a secretária Mônica, as atividades foram pensadas para aproximar a associação da sociedade, já que será através dela que o município vai conseguir executar uma política mais sustentável de destinação dos resíduos domésticos. “Nós criamos a semana para que ela fique no calendário anual. Queremos inserir os catadores na sociedade e promover essa conscientização da importância do trabalho que eles desenvolvem na coleta e separação dos materiais recicláveis e aos poucos reduzir esse abismo entre eles”, apontou a Mônica.
Também presente na atividade, a secretária de Promoção Humana Suely Maria Faria Maia se disse encantada com o projeto e considera que os impactos sociais gerados pela associação são tão poderosos quanto a redução dos impactos ambientais proporcionada através do trabalho de reciclar. “Nós conhecemos a realidade dessas pessoas. São trabalhadores e trabalhadoras que não são absorvidos pelo mercado porque desde muito cedo é acostumado com o trabalho pesado, sendo assim, não tiveram oportunidade de estudar, e ao chegar nessa idade, não consegue uma colocação no mercado porque uma pessoa mais jovem tem uma capacidade de maior produção, então essas pessoas acabam sendo excluídas”, constatou a secretária.
Dona Marolina Maria Alves Lemes, 55 anos, é uma dessas personagens citadas pela secretária Suely. A associada, que na última semana protagonizou um curta-metragem produzido pela Prefeitura de Frutal, trouxe para a atividade o depoimento que ela apresentou na obra audiovisual. “Eu procurava emprego, e infelizmente não encontrava por causa da minha idade. Eu fui para o aterro e lá comecei a juntar material reciclável. Sem nenhuma condição, sem uma luva, sem um sapato, mas eu não tinha escolha. Antes de entrar na ASCAFRU, apesar do meu marido ser aposentado o dinheiro não dava. Tinha dia que eu queria comprar um shampoo, um creme pra passar no cabelo, tinha dia que eu queria comer um pão e não tinha dinheiro” relatou sem conter as lágrimas.
Assim como dona Marolina, outras 60 pessoas retiram da associação o sustento de suas famílias. Algumas delas utilizam a reciclagem como um reforço no orçamento. A secretaria de Meio Ambiente já trabalha em um projeto para que a coleta seletiva seja implantada em toda a cidade, mas até lá, os catadores são os responsáveis por fazer esse trabalho.
O professor da UEMG, Fernando Luiz Zanetti, que atua há 15 anos por meio de uma ONG em apoio às cooperativas de catadores de recicláveis, também parabenizou a iniciativa do poder público frutalense. “É através desse trabalho que podemos promover uma outra realidade. Quando esse material que estamos vendo aqui é jogado no lixo, a gente, literalmente, enterra dinheiro”, enfatizou o professor.
A programação em comemoração ao aniversário da ASCAFRU se estende até o final de semana e pode ser conferida pelo site da prefeitura, no frutal.mg.gov.br.
