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PT vai propor CPI da Hidroex na Assembleia de Minas

PT vai propor CPI da Hidroex na Assembleia de Minas

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A prisão do ex-deputado tucano Narcio Rodrigues repercutiu ontem na Assembleia Legislativa de Minas. O líder do bloco governista, Rogério Correia (PT), afirmou que irá discutir com a bancada sobre a possibilidade de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o caso. O relatório da Controladoria Geral do Estado (CGE) que auditou a obra de construção da Cidade das Águas revela irregularidades como “deficiência na fiscalização, ausência de motivação para aquisição de equipamentos, superfaturamentos e armazenagem e controle inadequados de equipamentos”.

“Vou conversar com a bancada. Precisamos verificar essa questão. O Narcio era presidente do PSDB, era responsável por doações de campanhas. É preciso ver essas relações”, disse o petista. A investigação da CGE aponta que parte das irregularidades beneficiou a Construtora Waldemar Polizzi (CWP), que pertenceu a parentes do senador e ex-governador Antonio Anastasia (PSDB) até quatro meses antes de ele assumir o governo, em 2010.

A CWP era a responsável por construção de prédios e alojamentos da Cidade das Águas, da Hidroex. A conclusão foi de que houve dano ao erário de R$ 9,8 milhões nesse contrato. O Ministério Público de Minas informou ontem que, ao todo, o prejuízo aos cofres públicos é de cerca de R$ 14 milhões. A CGE estima R$ 18 milhões.

Polizzi, primo de Anastasia, afirmou em abril a O TEMPO que desde 2009 não é mais proprietário da empresa e negou qualquer favorecimento pelo parentesco com o senador. “Depois da assinatura do contrato, fiquei um ou dois meses e não participei de nada, nem conheci a obra”. Na época, Anastasia negou qualquer participação na empresa. Anastasia defende apuração rigorosa

O senador Antonio Anastasia (PSDB), governador de Minas Gerais na época em que Narcio Rodrigues foi secretário de Ciência e Tecnologia do Estado, disse por meio de nota que “não tem conhecimento dos fatos que levaram à operação do Ministério Público”. Ainda segundo sua assessoria de imprensa, o senador “defende que quaisquer denúncias devam ser rigorosamente apuradas pelos órgãos competentes e julgadas na forma da lei”.

O PSDB de Minas, por meio de nota, declarou não conhecer detalhes sobre a operação Aequalis e que a sigla defende que, “havendo indícios de irregularidades, elas sejam investigadas pelos órgãos competentes, e havendo comprovação de crime, eles sejam punidos”.

Já a Secretaria de Ciência e Tecnologia, também por meio de sua assessoria, afirmou que a atual gestão iniciou, em fevereiro de 2015, auditoria no projeto Cidade das Águas.

“Os procedimentos de auditoria abrangeram diversos termos de cooperação técnica, convênios para transferência de recursos federais e outras parcerias, sendo todos firmados entre os anos de 2007 e 2014”.

A secretaria informou que os relatórios da auditoria foram encaminhados ao Ministério Público do Estado. A defesa de Narcio Rodrigues não foi encontrada para comentar sobre a prisão.

Deputado lembrou o pai durante voto

A prisão de Narcio Rodrigues aconteceu pouco mais de um mês após de seu filho, o deputado federal Caio Narcio (PSDB), ter citado o pai no dia em que votou a favor do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, na Câmara. No dia 17 de abril, ao proferir “sim”, o deputado disse: “Por um Brasil, onde meu pai e meu avô diziam que decência e honestidade não eram possibilidade, eram obrigação. Por um Brasil onde os brasileiros tenham decência e honestidade, por Minas, pelo Brasil, para os jovens que estão lá fora nas ruas, ‘verás que um filho teu não foge á luta’. Sim”.

Ontem, o deputado acompanhou o pai no Ministério Público e no Instituto Médico-Legal. No segundo endereço, ele chegou quando Rodrigues já finalizava o exame de corpo de delito. Três assessores o acompanharam. Um deles, com uma carteira de identificação da Câmara, pediu para que a funcionária deixasse o deputado entrar pela porta dos fundos para evitar a imprensa. Não teve o pedido atendido. Caio Narcio também usou os assessores para fugir de fotos e da imprensa. O caso lembra o da deputada Raquel Muniz (PSD). No dia da votação do impeachment, ela votou contra Dilma e homenageou o marido, o prefeito Ruy Muniz (PSB), de Montes Claros, no Norte de Minas. Um dia depois, Muniz foi preso por suspeita de corrupção.

Fonte: Jornal O Tempo (Tâmara Teixeira e Fransciny Alves) Foto: Arquivo

 

 

 

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