O Sistema Único de Saúde (SUS) foi por muito tempo considerado modelo na luta contra a epidemia de HIV/AIDS. Desde 1996 o Estado brasileiro garante a tratamento gratuito dos pacientes nos hospitais públicos, assim como o fornecimento de coquetéis de medicamentos.
De lá para cá, a expectativa de vida após um contágio com HIV subiu de cinco para 12 anos. O Ministério da Saúde estima que atualmente cerca de 866 mil brasileiros sejam soropositivos, dos quais mais de 500 mil recebem acompanhamento clínico pelo SUS.
No entanto, nos últimos tempos o número das novas infecções pelo vírus voltou a crescer, em Frutal não foi diferente. Só nos primeiros meses desse ano foram confirmados 18 casos de HIV no município, uma média de três casos por mês. Um índice bastante elevado, principalmente, se levarmos em conta que em 2020, no mesmo período haviam sido registrados nove casos da doença.
E o dado se torna ainda mais preocupante quando se descobre que a procura por exames no Centro de Testagem e Aconselhamento de Frutal – CTA diminuiu consideravelmente nos últimos meses, muito por conta da pandemia. Se antes eram feitos 500 testes ao mês, agora a média caiu para 300.
O perfil das pessoas que contraíram a doença também mudou, agora pessoas de todas as idades testam positivo para HIV em nossa cidade, inclusive alguns idosos. “As pessoas ainda acreditam que existe um perfil para as que contraem DSTs, mas essas enfermidades são democráticas e atingem a todas as parcelas da população, independente de classe e idade. Para se ter uma ideia, tivemos casos de pessoas com 65 anos de idade que descobriram que estão com HIV após fazer um teste no CTA”, revela Juliana Sousa Lopes, coordenadora e enfermeira do Centro de Testagem de Frutal.
E não foram só os casos de HIV que aumentaram em Frutal nos últimos meses, muitos frutalenses contraíram sífilis: só no primeiro semestre foram registrados 91 casos da enfermidade, em contrapartida no mesmo período do ano passado foram registrados 70. “A sífilis é silenciosa, muitas vezes assintomática, por isso, muitas pessoas só descobrem que estão com a doença quando precisam passar por exames, como por exemplo, quando são submetidas a uma cirurgia ou no caso de uma grávida durante o pré-natal”, destaca Juliana.
De acordo com a coordenadora do CTA, assim que a pessoa é diagnosticada com uma dessas quatro doenças sexualmente transmissíveis o encaminhamento e os tratamentos já começam imediatamente. “Depois de feito o teste o resultado sai em 10 minutos, se der positivo para qualquer enfermidade ele já começa a ser orientado pela enfermeira e por uma psicóloga. Para os pacientes que contraíram HIV, o tratamento inicia em dois dias e ele já começa a receber os medicamentos. No caso da sífilis demora um pouco mais e o tratamento é a base Benzetacil e dura em média três semanas”, esclarece a coordenadora do CTA.
Juliana destaca que muitas vezes as pessoas contraem DSTs por descuido ou porque se recusam a usar preservativo durante as relações sexuais. “Na maioria das vezes essa resistência ocorre por parte do homem que também é o mais resistente na hora de procurar ajuda do CTA e o apelo que eu faço é que não deixem de se proteger e também de procurarem ajuda médica. Porque essa demora pode custar a vida do paciente”, finaliza a coordenadora do CTA de Frutal.
Mas como os frutalenses podem fazer para descobrir se estão com alguma doença sexualmente transmissível? “Basta ir até o CTA que está localizado na Rua Prudente de Morais, 643 (Centro) e funciona de segunda a sexta das 7 às 13 horas. O atendimento das grávidas é feito a partir das 7h e do público em geral a partir das 9h. Com um único teste é possível detectar se a pessoa está com HIV, sífilis, hepatites A e B. Além disso, todo o atendimento é sigiloso, sem expor o paciente a qualquer tipo de constrangimento”, garante Juliana que informa o telefone da Unidade: 3423-2615.