SOBRE O MASSACRE EM MANAUS
O primeiro e basilar requisito de um juiz da Vara de Execuções Penais “ é ver seres humanos atrás das grades ”. (Valois)
Entretanto, no Brasil, no cotidiano de nossas masmorras e campos de concentração, reafirmamos, com uma competência assustadora, nossa opção pelo punitivismo, pelo encarceramento em massa, pela banalidade da prisão, pelo sofrimento mascarado em forma de sanção jurídica.
Bisonhos, nós, como corpo social, mandamos centenas de milhares de pessoas, todos os anos, a serem levadas ao mais alto grau de degradação e, quando estão plenamente degradadas, são postos em liberdade para espalhar, no meio de todo o povo, a degradação que assimilaram nas prisões.
Isso é de uma burrice extrema !
Chega de se prender por tudo e a todos indiscriminadamente !
Quanto mais insistirmos, como sociedade, em segregar pessoas nos campos de concentração brasileiros, mais degradação e mais PCCs surgirão.
Como velho operador do Direito Criminal percebo que está faltando o olhar do humano para o humano por parte de quem detém o poder para mudar esta triste e continuada realidade dos presídios brasileiros.
Tem faltado alteridade, humanidade e compaixão.
Tem faltado “caridade” no exercício da Justiça, como um todo.
E, “ A Justiça e a caridade tem esferas distintas; mas a Justiça com Caridade é mais justa.” (São Tomás de Aquino)
Enquanto não se mudar o olhar Carandirus e Manaus, realidades repetitivas serão.
RENATO FURTADO
ADVOGADO CRIMINALISTA