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Caso Brumadinho completa um mês, com 134 desaparecidos

Caso Brumadinho completa um mês, com 134 desaparecidos

Passado um mês da tragédia causada pelo rompimento da Barragem 1 da Vale em Brumadinho (MG), os trabalhos de buscas tentam localizar 134 desaparecidos. O número de mortos chega a 176.

Técnicas

Durante as quatro semanas de trabalho, a megaoperação passou por diferentes fases com técnicas variadas.

De acordo com o tenente-coronel Anderson Passos, que é comandante do 8º Batalhão de Bombeiros Militares de Uberaba, o trabalho das equipes começa bem cedo, às 5h. “Às 6h30, nós nos reunimos para uma orientação, um briefing de segurança e de diretrizes do que vai ser feito ao longo do dia. As equipes são lançadas a campo. [...] Ao final do dia, quando as equipes reornam, elas nos dão um feedback de como foi o rendimento do planejamento. Fazemos, então, a seguir, uma reunião para planejarmos o dia seguinte e tudo se repete”, explica.

Escavações

Militares contam que a mudança na característica da lama, que se torna menos fluida com o tempo, influenciou na escolha dos métodos de trabalho. Conforme a cabo Simone Gonçalves Alves, que atua há 13 anos no Corpo de Bombeiros de Minas em Uberaba, o trabalho de busca em profundidade é minucioso e exige sincronia entre os militares e os operadores das máquinas.

“Em cada máquina, ficam de dois a três militares, depende do tamanho da máquina, que tem tamanhos diferentes e depende da área também. É minucioso, é um trabalho de observação praticamente. Se a gente visualizar ou suspeitar de algum corpo ou segmento, a gente dá um sinal, que são dois apitos, e ele [operador da máquina] para. Além da terra, a gente está tendo que revirar o material encontrado em mochila, com pertences pessoais, para ver se localizamos algum tipo de documentação ou algo em que identifique alguma vítima”, argumenta a cabo.

Segundo Anderson Passos, o perfil da missão tende a continuar o mesmo até o encerramento. “A quantidade de vítimas localizadas tende a aumentar nas próximas semanas em razão das identificações que serão feitas por DNA. Isso interfere na logística que está sendo empregada. Vamos conseguir identificar quais são as áreas prioritárias para dimensionar o tamanho desse aparato logístico e humano. O final das operações não está sequer projetado, ele é incerto”, afirma o tenente-coronel, quando questionado sobre o fim da missão.

O rompimento

De acordo com informações, a barragem, localizada a 57 quilômetros de Belo Horizonte, rompeu-se por volta das 12h20, de sexta-feira, 25 de janeiro. Sobreviventes relatam que um mar de lama tomou conta de estradas, do rio, do povoado e, sobretudo, da área da Vale, empresa responsável pela barragem. Como era hora do almoço, muitos funcionários ficaram retidos no restaurante.

O misto de perplexidade, tristeza e indignação se instalou no país. As dificuldades causadas pela lama e riscos de contaminação aliados à chuva intensa aumentaram ainda mais a tensão nas buscas por vítimas. Famílias inteiras desapareceram. Nem todos foram localizados.

Ontem (24), ocorreram manifestações em Brumadinho e em Belo Horizonte para homenagear os mortos.

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Incertezas

Pela estimativa do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, os trabalhos deverão se estender por três a quatro meses após o rompimento.

Os rejeitos atingiram o Rio Paraopeba, e o governo de Minas proibiu o consumo da água, devido ao risco de contaminação. Não há estimativa de suspensão da medida.

Outro lado

Há três dias, a Vale informou ao Ministério Público do Trabalho (MPT) que vai manter o pagamento de dois terços dos salários de todos os empregados próprios e terceirizados que morreram na tragédia. Segundo a empresa, o pagamento será mantido por um ano ou até que seja fechado um acordo definitivo de indenização.

A empresa também se comprometeu a só transferir empregados após prévia consulta e concordância do trabalhador, além de consulta ao sindicato. Para a transferência, será priorizado o local de origem do empregado.

Anteriormente, a Vale se comprometeu a garantir emprego ou salário para os empregados de Brumadinho, inclusive os terceirizados, até 31/12/2019. Também prometeu pagar as despesas com funeral e verbas rescisórias das vítimas fatais, conforme certidão emitida pelo INSS.

A Vale informou que dará atendimento psicológico e fará pagamentos de auxílio-creche e de auxílio-educação, além de danos morais para cônjuges ou companheiras, filhos, pais e irmãos das vítimas.

*Com informações do G1 e da Agência Brasil 

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