Foi preso na tarde de terça-feira (7), por agentes da Polícia Civil de Frutal, o motorista Braulino Botelho de Lima, 56 anos, suspeito de provocar a morte de uma criança em acidente na MG-255, no dia 29 de julho (domingo). O cumprimento do mandado de prisão preventiva foi acompanhado pelo delegado João Carlos Pietro Júnior, que preside o inquérito que investiga o caso. Após a prisão, Braulino foi levado para a Delegacia de Polícia Civil, de onde posteriormente foi encaminhado ao Presídio de Frutal.
A prisão aconteceu quatro dias depois de o motorista ter se apresentado à Polícia Civil, acompanhado de seu advogado. Na manhã de sexta-feira (3), Braulino esteve na sede da PC e falou sobre o acidente. Além de assumir ser o condutor da caminhonete envolvida no atropelamento, uma Ford F-350, gaiola, de cor vermelha e placa KFA-4589, ele deu sua versão para o caso. O motorista é acusado de pelo menos quatro crimes: homicídio culposo (sem intenção de matar), omissão de socorro, embriaguez ao volante e fraude processual.
Em entrevista ao Jornal Pontal, o delegado João Carlos explicou que pediu a prisão de Braulino para preservar a investigação do caso. “Solicitamos a preventiva ao juiz Gustavo Moreira (titular da Vara Criminal), que a concedeu, para evitar interferências. Constatamos que ele cometeu fraude processual ao tentar pintar a caminhonete porque é uma forma de atrapalhar as investigações”, relatou. “Em seu depoimento ele atribuiu o crime a esposa, mas isso ainda será apurado, inclusive já pedimos a oitiva dela”, ressaltou.
O delegado conta ainda que testemunhas teriam visto Braulino ingerir bebida alcoólica antes do acidente. Também teria sido encontrado um frasco de aguardente no interior do veículo, que ainda será verificado se houve consumo ou não. Esse fato, conforme João Carlos, poderá resultar em maior punição ao investigado, em caso de condenação. “Se for constatada também embriaguez ao volante, a situação se agrava e ele poderá receber uma pena de cinco a oito anos de prisão”, afirmou.
Segundo o delegado, também agrava a situação de Braulino a omissão de socorro. Ao ser ouvido, ele disse que pensou se tratar de um roubo, por isso, não parou para prestar socorro. “Em seu depoimento, o pai da criança declarou que como o filho ainda respirava após o atropelamento, tentou fazer a técnica do boca a boca para que o menino continuasse respirando. Se ele tivesse parado, talvez, conseguiria salvar a vida da criança. Todos nós somos passíveis de cometer um acidente de trânsito. Então, é importante prestar socorro e acionar a Polícia e o Corpo de Bombeiros”, alertou.
De acordo com João Carlos, ele terá um prazo de dez dias para concluir o inquérito e encaminhá-lo ao Poder Judiciário. Até lá, o delegado ainda tentará fazer a reconstituição do crime conforme a versão apresentada pelo pai da criança, a qual posteriormente será confrontada com as declarações dadas pelo motorista.
RELEMBRE O CASO
O atropelamento que matou o garoto Junior Cezar Correia Filho, 11 anos, ocorreu na noite do dia 29 de julho, na altura do quilômetro 3 da MG-255, próximo ao Motel Carpe Diem. Junior Filho ajudava o pai, o produtor rural Junior Cezar Correia, 40 anos, empurrar uma caminhonete, quando foi atropelado, por volta de 20h30. O condutor do veículo que o atropelou estava em alta velocidade e não parou para prestar auxílio.
Junior Filho chegou a ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros, mas morreu momentos depois de dar entrada no Hospital Frei Gabriel. O óbito foi atestado pelo médico Rubens Urzedo Rodrigues. “Quando chegamos ao local do acidente encontramos o pai sobre o corpo do filho. Ele estava transtornado e fazia uma oração em grande desespero”, contou o sargento Camargos, um dos militares que participou da ocorrência.
Em depoimento à Polícia Militar Rodoviária, Junior Cezar contou que trafegava pela rodovia com sua caminhonete GM Chevrolet C 10, de placa GRO-2854, no sentido decrescente (Itapagipe-Frutal), quando o veículo repentinamente parou sobre a pista. O rompimento de uma mangueira provocou pane seca. Com intuito de evitar acidente, ele desceu e com a ajuda do filho empurrou a caminhonete para fora da via de rolamento.
Quando já estavam praticamente no acostamento, ainda conforme Junior Cezar, apareceu um veículo até então não identificado, que trafegava no mesmo sentido e atropelou o garoto. Ele estaria em alta velocidade e teria atingido a vítima no acostamento. Junior Filho foi lançado distante cerca de 30 metros do ponto que foi atingido. Após o impacto, o menino, que sofreu múltiplas fraturas, permaneceu imóvel e desacordado.
O pai disse que em razão de uma grande poeira que levantou no local, que possui um aterro para acesso a empresas e fazendas nas proximidades, demorou um tempo para localizar o filho e compreender o que havia ocorrido. “Ele apenas percebeu um farol aproximando e ouviu um grande estrondo. Só depois que a poeira baixou que ele percebeu que o filho havia sido atingido”, relatou sargento Giovane, da PMR.