O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Uberaba deflagrou, nesta quinta-feira (4), a Operação "Baby Beef", com o objetivo de combater comércio e transporte clandestinos de gado, além de lavagem de dinheiro e falsidade de documentos, em cidades do Triângulo Mineiro e estado de São Paulo.
Doze mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão preventiva foram cumpridos em Iturama (MG), União de Minas (MG), Jandira (SP) e São Paulo (SP). Todos foram expedidos pela 1ª Vara Cível, Criminal, Juizado e Execução Penal da Comarca de Iturama, que também determinou o bloqueio de R$ 1 milhão nas contas de alguns dos investigados por causa de indícios de lavagem de dinheiro.
A operação teve participação da Polícia Militar (PM), do Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG), da Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais (SEF-MG), do Gaeco São Paulo, do Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra), e da Divisão de Capturas da Polícia Civil do Estado de São Paulo.
Investigações
A Operação “Baby Beef” foi iniciada há cerca de seis meses, após uma abordagem da PM que constatou possíveis irregularidades no comércio e transporte de gado realizado por um dos investigados. Segundo o Gaeco, essas irregularidades acabaram contornadas de forma suspeita por intervenção de sindicato do produtor rural.
A partir disso, a Receita Estadual realizou análises complementares e levantou indícios criminais, que foram repassados ao Gaeco Uberaba.
Durante as investigações, o Gaeco descobriu um complexo esquema envolvendo organização criminosa e delitos de falsidade documental, manipulação de informações em sistemas geridos pelo Poder Público, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.
Foram identificadas simulações de movimentações e alienações de gado, falsificações de documentos, compra e venda irregulares entre produtores de diferentes estados.
De acordo como Gaeco, o "carro-chefe" do esquema era o uso de rebanho virtual: animais registrados apenas de modo formal em nome dos produtores, mas inexistentes na propriedade rural, gerando um enorme estoque virtual de documentos que permitiam, principalmente, esconder a verdadeira procedência de animais negociados fora dos limites de Minas Gerais – sem nota, com notas falsas ou até de origem de abigeato – sonegando o imposto devido.
Para conseguir o objetivo, a organização criminosa contava com o apoio de um funcionário de sindicato do produtor rural com acesso à sistema público de defesa agropecuária, contador e, possivelmente, agentes sindicais.
Somente nos meses investigação, o grupo movimentou, em vendas, mais de R$ 2,5 milhões; desse total, pelo menos R$ 1 milhão não tinha nenhum comprovante, sendo resultado de operações simuladas para sonegar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Diante dos crimes identificados, foram solicitados à Justiça os mandados de prisão e de busca e apreensão e o congelamento de bens e ativos financeiros.
Baby Beef
O nome da operação é uma referência ao abate de animais precoces, típicos das pastagens do Triângulo Mineiro, que são levados, de forma clandestina, para serem abatidos em outros estados.
O Gaeco explicou que a carne desses animais é conhecida por ser mais macia e, por isso, é uma alusão ao grupo investigado, que cometia os crimes de modo "macio, suave e tranquilamente".