O cantor sertanejo Flavio Otoni encontrou uma forma diferente, criativa e emocionante para homenagear a mãe, a dona de casa Leila Fátima Otoni de Oliveira, de 55 anos, que é deficiente auditiva. A gravação do seu primeiro DVD, gravado recentemente em Goiânia, foi toda traduzida para a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras). Além disso, quem faz a interpretação é a irmã do artista.
O lançamento da produção está previsto somente para 26 de setembro, escolhido especialmente por ser o Dia Nacional dos Surdo. Porém, a família fez um pequeno registro e encaminhou para Leila, que ficou emocionada ao ver parte do material com uma declaração do filho para ela.
"É um sentimento grandioso, como se eu tivesse descoberto minha missão aqui. Porque eu canto e minha mãe é surda? Isso foi sempre muito contraditório para mim. Isso é uma realização, muito mais que um sonho. Posso levar a inclusão através da música", disse Flavio ao G1.
Ele conta que a ideia surgiu meio que por acaso, baseado na dificuldade que a mãe tinha para compreender os shows.
"Ela sempre gostava de acompanhar minhas apresentações e ficava olhando, sem entender, meio perdida. Quando sentamos para discutir a gravação do DVD, tive um estalo", lembra.
Para deixar a gravação ainda mais especial, a irmã do cantor, Cibele Otoni de Oliveira, de 31 anos, é quem vai fazer a tradução. Em uma das músicas, "Assunto Preferido" (que também dá nome ao DVD), ela ainda faz uma coreografia junto com a interpretação, pois já foi bailarina profissional.
"Já cheguei a me emocionar. Poder cantar e minha irmã traduzir isso para minha mãe... Minha irmã é formada em zootecnia, mas deixou a área. Ela já fez um curso de Libras e agora vai entrar na faculdade de pedagogia para lecionar na área", revela.
Carreira
O DVD, gravado no dia 25 de julho em uma chácara de Goiânia, terá seis faixas inéditas. É o primeiro da carreira do cantor, que já tem oito anos e três discos gravados. Natural de Campo Grande (MS), ele se mudou para Goiânia há exatamente um mês após uma temporada em São Paulo.
"Lá eu sentia que minha carreira não estava crescendo. Se não fizesse nada, não mudasse minha conduta, iria viver assim pelo resto da vida. Então resolvi vir para Goiânia, que é onde sertanejo realmente acontece", destaca.
Flavio contou que começou a cantar com somente 12 anos, nos intervalos das aulas na escola. Com receio de não ser bem sucedido no mundo artístico, sempre levou a música de forma paralela. Somente aos 20 anos é que ele resolver investir de vez na carreira.
"Eu estava no último ano da faculdade de administração. Trabalhava em uma empresa de software, ganhava bem. Mas assim que me formei, resolvi sair", destaca.
O primeiro trabalho foi como vocalista de uma banda. O trabalho, porém, durou apenas três meses. Desde então, ele segue carreira solo.
Fonte: G1