O ano era 1915. Na Europa, a 1ª guerra mundial estava prestes a completar um ano de terror. O dia era 16 de março. Em Uberaba, nascia a pequena Geralda Sebastiana de Jesus. Abençoada, ela ainda passaria incólume por outra grande guerra, que provocou ainda mais medo e destruição, de 1939 a 1945. Nesta época, dona Geralda já tinha seus 30 anos e nada disso abalou esta mulher, que tirou do batedor de roupas e da lida na roça o sustento de seus filhos. Ao longo de sua vida, dona Geralda ainda viu, em 1960, a capital do Brasil mudar do Rio de Janeiro para a planejada Brasília. A esta altura, ela também já havia saído de Uberaba, passado por Veríssimo e chegado a Frutal, onde se instalou definitivamente.
Dona Geralda passou por acontecimentos marcantes, é verdade, mas para ela, nada é mais marcante do que, todos os anos, reunir a família e comemorar seu aniversário. Em 2018, não foi diferente. Vieram filhos, netos, bisnetos, tataranetos e toda gama possível de parentes, além dos amigos, é claro, para festejarem a data. Afinal, são 103 anos! Como bem disse Antonio Modesto de Oliveira, o pintor Pelé, 63 anos, um dos filhos de dona Geralda, “Não é pouca coisa não!”
Para a festa deste ano, que aconteceu no sábado (17), no Clube da Copasa, vieram parentes de Uberaba, Uberlândia, Ribeirão Preto, São Carlos, Jardinópolis, entre outras cidades. Fora os que moram em Frutal mesmo.
Firme e forte para quem já viveu mais de 1 século, dona Geralda participou ativamente da festança. Andou para lá e para cá. Recebeu os cumprimentos e aguentou de pé a longa sessão de fotos. Mais que isto, ela fez questão de ajudar nos preparativos. “Ela pôs a mão na massa. Ela que fez os temperos, que temperou as carnes”, contou a neta Lindalva Souza, 51 anos.
E este não foi o primeiro ano de comemoração. “Todo ano a gente reúne a família e faz uma festinha. E a cada ano vai se tornando mais especial”, conta o filho Pelé. “Pouca gente vai chegar a esta idade podendo comemorar com a família”, ressalta. “A alegria dela é juntar a família. Essa palavra pra ela, família, é muito importante”, completa o neto Igor de Oliveira, 33 anos.
A força de dona Geralda aos 103 anos impressiona. Fora a disposição que nossa reportagem testemunhou na festa com a família, no dia a dia ela ainda realiza tarefas domésticas. “Ela é inteira, não depende de ninguém, não é cadeirante, ela lava e cozinha ainda”, conta orgulhoso o filho Pelé, que mora com ela.
“Ela é um esteio na nossa vida. A gente aprendeu tudo com ela. Na nossa família só tem gente boa e tenho muito a agradecer a ela pela vida e o exemplo que ela deu a nós”, exclamou a neta Lindalva, que veio de Uberaba.
Animada que só ela, entre um parabéns e outro, dona Geralda ainda deu entrevista e se mostrou bastante contente. “Meu pessoal está tudo comigo. [É muito bom passar os] 103 anos com a ‘netaiada’. Espero fazer mais festa para comemorar muitos aniversários”, disse ela. E já convidou a todos para a festa dos 104 anos. “Se Deus quiser, outra festa, e quero vocês aqui de novo”, disse sorrindo.
“A cabeça dela é melhor que a minha”, avalia a neta. “E ela ainda bebe a cervejinha dela todo domingo”, entregou. Se este é o segredo de tanta longevidade e saúde, a gente não sabe, mas, na dúvida, eu já comprei a minha cerveja para o final de semana. Não custa nada tentar, né? Vida longa e saúde à dona Geralda!