As investigações da unidade regional do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em Uberlândia, veiculado ao Ministério Público Estadual (MPE), resultaram até o momento na prisão de quase 90 policiais civis na região do Triângulo e Alto Paranaíba nos últimos dois anos.
Em entrevista, o promotor de Justiça e coordenador do Gaeco, Daniel Marotta Martinez, fez um balanço das atividades que, além de ações isoladas, ocasionaram em operações para coibir crimes cometidos por servidores da instituição. Só em Uberlândia, foram denunciados 62 policiais civis, o que representa quase 25% do efetivo policial do 9° Departamento de Polícia Civil.
Segundo Martinez, os trabalhos do órgão visam coibir o crime organizado praticado pelos agentes públicos e que na maioria das vezes está relacionado à cobrança de propina, roubo de cargas e tráfico de drogas.
“Para mim o câncer da criminalidade é a corrupção policial. Os próprios colaboradores policiais chegam a dizer em tom de deboche que não existe um que não faça rolo. Mas claro que é uma forma exagerada de falar. Temos uma leva nova de policiais que querem fazer um trabalho diferente, mas entram numa instituição onde a corrupção está totalmente enraizada”, comentou.
Em nota, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) disse que sobre as operações a Corregedoria-Geral da Polícia Civil participou e continua apoiando as investigações em curso. Além disso, a instituição lamentou os fatos e ressaltou que não compactua com desvios de conduta funcional, adotando as medidas administrativas necessárias para apuração dos fatos em aberto, respeitando sempre os princípios constitucionais vigentes.
Delações
As investigações contaram com acordos de colaboração premiada homologados pela Justiça, perante a Promotoria, com policiais e também ladrões de carga e traficantes. Nesse segundo caso, o promotor Daniel Martinez justificou que no entendimento do MP eles ofereciam menor risco do que os policiais investigados.
FONTE: G1 Triângulo Mineiro