Apresentou-se à Polícia Civil de Frutal, na manhã de sexta-feira (3), o condutor da caminhonete que atropelou e matou o garoto Junior Cezar Correia Filho, 11 anos. O acidente aconteceu no dia 29 de julho (domingo), às 20h30, no km 3 da MG-255, próximo ao Motel Carpe Diem. Acompanhado de seu advogado, o motorista Braulino Botelho de Lima, 56 anos, prestou depoimento ao delegado João Carlos Pietro Júnior. Após ser ouvido, ele foi liberado e vai responder o inquérito em liberdade. A informação é do delegado regional da PC, Fabrício de Oliveira Altemar.
Segundo o delegado Fabrício, em seu depoimento, Braulino contou que no dia do fato foi até o povoado de Pradolândia em sua caminhonete Ford F-350, gaiola, cor vermelha, de placa KFA-4589. No retorno a Frutal, ao perceber um veículo parado sobre a pista de rolamento da MG-255, ele disse ter desviado para o acostamento. Neste momento, o motorista declarou ter sentido um impacto, mas afirmou não ter visto o que ocorreu, pois levantou uma grande poeira no local. Temendo ser uma tentativa de assalto, ele não parou e seguiu diretamente para sua casa.
Ainda segundo o delegado, após estacionar na garagem da residência, Braulino teria percebido um amassado na caminhonete e, imediatamente, mantido contato com a seguradora do veículo. Logo depois, acompanhado de um amigo, ele afirmou ter retornado ao local do acidente, mas já não teria visto mais ninguém na rodovia. O motorista afirma que somente soube da morte da criança no dia seguinte. Foi quando, segundo seu depoimento, entrou em desespero e saiu da cidade.
Ao ser questionado se estaria embriagado na noite do atropelamento, Braulino negou que tenha feito ingestão de bebida alcoólica, afirmando que a garrafa de pinga encontrada em sua caminhonete teria sido um presente e que estava lacrada. Quanto à pintura do veículo, feita com tinta spray na cor vermelha (uma tentativa de ocultar o amassamento), o motorista apontou a esposa como responsável, sem entrar em detalhes. O nome da mulher não foi divulgado pela Polícia Civil.
De acordo com o delegado regional Fabrício de Oliveira Altemar, Braulino – que em razão de ter se apresentado irá responder o inquérito em liberdade – é suspeito da prática de pelo menos quatro crimes: homicídio culposo (quando não há intenção de matar), omissão de socorro, fraude processual e embriaguez ao volante. Como a Polícia Civil prossegue com a apuração do caso e ainda há laudos para serem juntados pela Perícia Técnica, não é descartada a inclusão ou extinção de crimes na investigação.
RELEMBRE O CASO
O atropelamento que matou o garoto Junior Cezar Correia Filho, 11 anos, ocorreu na noite de domingo (29), na altura do quilômetro 3 da MG-255, próximo ao Motel Carpe Diem. Junior Filho ajudava o pai, o produtor rural Junior Cezar Correia, 40 anos, empurrar uma caminhonete, quando foi atropelado, por volta de 20h30. O condutor do veículo que o atropelou estava em alta velocidade e não parou para prestar auxílio.
Junior Filho chegou a ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros, mas morreu momentos depois de dar entrada no Hospital Frei Gabriel. O óbito foi atestado pelo médico Rubens Urzedo Rodrigues. “Quando chegamos ao local do acidente encontramos o pai sobre o corpo do filho. Ele estava transtornado e fazia uma oração em grande desespero”, contou o sargento Camargos, um dos militares que participou da ocorrência.
Em depoimento à Polícia Militar Rodoviária, Junior Cezar contou que trafegava pela rodovia com sua caminhonete GM Chevrolet C 10, de placa GRO-2854, no sentido decrescente (Itapagipe-Frutal), quando o veículo repentinamente parou sobre a pista. O rompimento de uma mangueira provocou pane seca. Com intuito de evitar acidente, ele desceu e com a ajuda do filho empurrou a caminhonete para fora da via de rolamento.
Quando já estavam praticamente no acostamento, ainda conforme Junior Cezar, apareceu um veículo até então não identificado, que trafegava no mesmo sentido e atropelou o garoto. Ele estaria em alta velocidade e teria atingido a vítima no acostamento. Junior Filho foi lançado distante cerca de 30 metros do ponto que foi atingido. Após o impacto, o menino, que sofreu múltiplas fraturas, permaneceu imóvel e desacordado.
O pai disse que em razão de uma grande poeira que levantou no local, que possui um aterro para acesso a empresas e fazendas nas proximidades, demorou um tempo para localizar o filho e compreender o que havia ocorrido. “Ele apenas percebeu um farol aproximando e ouviu um grande estrondo. Só depois que a poeira baixou que ele percebeu que o filho havia sido atingido”, relatou sargento Giovane, da PMR.